PARÁ TEM A PRIMEIRA TRU DESENVOLVIDA INTEGRALMENTE NO ESTADO
Parceria entre Fapespa e Lacam apresenta feito histórico, com o desenvolvimento metodológico que permite reunir dados sobre a economia paraense e interpretá-los como informações relevantes para o planejamento de políticas públicas
O Laboratório de Contas Regionais da Amazônia (Lacam), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) entregam ao Pará a Tabela de Recursos e Usos da economia paraense. As duas entidades apresentam agora os principais resultados da Tabela de Recursos e Usos, batizada pelos pesquisadores do Lacam como “TRU Pará 2017”.
A TRU foi desenvolvida mediante sistematização de um conjunto de informações econômicas, administrativas e fiscais que revelam a estrutura produtiva do estado do Pará e suas conexões com as demais Unidades da Federação e com o resto do mundo.
A importância dos resultados da TRU para o Estado do Pará é tamanha, que permite, por exemplo, vislumbrar inúmeras ações sobre questões econômicas e sociais, podendo subsidiar o planejamento de políticas públicas que correspondam às lacunas e potencialidades regionais em diálogo com outros estados, regiões e países.
A riqueza das informações fornecidas pela TRU, a tornam o instrumento mais importante para estimar as variáveis econômicas em um nível agregado, apresentando tanto as informações de “usos” quanto as de “recursos” econômicos disponíveis em um dado território e, ainda, abordar o Produto Interno Bruto (PIB) de um dado território por três óticas: da oferta, da demanda e da renda.
Entre as informações relevantes que a “TRU Pará 2017” apresenta, está a de que mais de 70% dos produtos da indústria de transformação que é ofertado no Pará, vem de fora. Ou seja, o estado do Pará é responsável apenas por menos de 30% do que é ofertado.
Gráfico 1: Composição da Oferta de produtos da Indústria de Transformação.
Fonte: FAPESPA, LACAM - UNIFESSPA (2023).
Por meio da TRU Pará 2017 é possível verificar, por exemplo, que a produção do cenário estadual é altamente dependente de serviços fornecidos por empresas externas ao Pará e que essa produção também é protagonizada pela produção de bens extrativos ou de baixo valor agregado. Esses dados refletem a dificuldade histórica de verticalização dessa produção extrativa no Pará.
A TRU Pará 2017 apresenta, adicionalmente, informações sobre a Renda Agregada do Estado e como esta se distribui entre os rendimentos do trabalho, das empresas e do Estado. Se observar as 8 atividades com maior produção de riqueza (valor adicionado), nota-se que em 5 delas as empresas ficam com a maioria da Renda distribuída. Há alguns casos emblemáticos, como na Indústria de extração e pelotização de minério de ferro, cuja participação dos rendimentos do trabalho, no Pará, representa 4%. No Brasil, a participação dos rendimentos do trabalho desta mesma atividade, no mesmo ano de referência, é o dobro da paraense. Ou seja, há uma diferença significativa em relação à média brasileira. Outro caso emblemático refere-se à agricultura, em que o rendimento do estado é negativo (-3%); ou seja, o subsídio sobre a produção agrícola é maior que o imposto. Nestes casos apontados, onde a concentração de renda na indústria de minério de ferro paraense é o dobro da média brasileira e que o estado transfere renda para a agricultura através dos subsídios, há ainda mais possibilidades de demandar destas atividades maior colaboração no financiamento de políticas públicas, por exemplo.
Gráfico 2: Composição da Renda entre os rendimentos do Trabalho, Empresas (Capital) e Estado das 8 atividades econômicas mercantis com o maior Valor Adicionado do Pará de 2017.
Fonte: FAPESPA, LACAM - UNIFESSPA (2023).
Esses dados compõem uma pequena amostra do tipo de informações que a TRU fornece sobre o Estado do Pará e o lançamento do estudo é considerado pelos pesquisadores do Lacam/Unifesspa e pela Fapespa um marco para o Estado do Pará, na elaboração de instrumentos e base de dados que fornecem subsídios para guiar uma política socioeconômica ancorada na realidade concreta do estado.
É pela diversidade e riqueza de informações que uma TRU pode fornecer que, ao longo da história no Brasil, tem-se buscado produzi-las a nível regional e o estado do Pará está agora entre os únicos 13 estados do Brasil que estimam TRU regional.
Os diferenciais nesta TRU feita pelo Lacam e Fapespa é o fato de que não envolveu empresas de consultoria, sendo um conhecimento integralmente desenvolvido por um laboratório de pesquisa de universidade pública, evidenciando também a importância do financiamento de pesquisas nas universidades, como fez a Fapespa ao acreditar na produção de conhecimento na Unifesspa, por meio do Lacam.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Como o conhecimento metodológico para o desenvolvimento da TRU regional é detido basicamente por empresas de consultoria, o Lacam se lançou no desafio de explorar todas as etapas, desde a definição e aplicação de metodologia, estimação das contas e o equilíbrio entre oferta e demanda, até a análise de resultados e, então, alcançar o domínio do percurso metodológico para elaboração do estudo. Todos esses passos foram dados pela equipe do Lacam, composto por pesquisadores locais, do curso de Economia da Unifesspa. Isto significa endogeneizar a tecnologia de estimação da Conta Regional de maior capacidade explicativa das atividades econômicas do estado e dominar essa metodologia de estudos que se desdobrou na TRU, por si só, já é um grande feito técnico-científico e um dos desafios que precisava ser enfrentado para concretização do produto. A partir de agora, finalizado o desafio de construção metodológica, é possível replicar a metodologia para outros anos e também para recortes regionais do Estado, possibilitando leituras mais específicas.
EVENTO DE LANÇAMENTO
A TRU será lançada no III Seminário de Contas Regionais da Amazônia, realizado no dia 22 de junho de 2023, às 14 horas, no auditório da Unidade III da Unifesspa, em Marabá, situado no Bairro Cidade Jardim. Fapespa e Lacam/Unifesspa convidam entidades da sociedade civil, gestores municipais, o setor empresarial, pesquisadores e estudantes de áreas relacionadas e todos os interessados no tema.
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