ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA POLÍTICA (ENEP) ACONTECERÁ PELA 1° VEZ NA REGIÃO NORTE

Entre os dias 10 e 14 de junho, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), por meio do Instituto de Estudos em Desenvolvimento Agrário e Regional (IEDAR) e da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), receberá o XXIX ENEP, organizado, anualmente, pela Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP). Com convidados de todo o país e universidades parceiras, o evento conta com uma programação extensa e diversa, dividida em dois momentos: nos dois primeiros dias (pré-Enep) os participantes do evento realizarão visitas de campo na Terra Indígena Mãe Maria, projeto Quelônios na Praia do Tucunaré, e no campus rural do Instituto Federal do Pará. Nos outros dois dias, a programação do Enep, propriamente dita, será concentrada na Unidade III da Unifesspa, com palestras, sessões de comunicação, Grupos de Trabalhos (GT´s), mesas com palestras e minicursos. 

O vice-presidente da Sep, João Leonardo, comemora a edição do ENEP acontecer pela primeira vez no Norte e destaca que se trata de um pagamento de uma dívida histórica da sociedade com essa região, marcando ainda o começo de uma nova história de integração na Sep. “Marabá é particularmente propício a servir de marco inaugural num processo de reconstrução, porque uma parte imensurável dos acontecimentos que marcaram a história do Brasil se passou e ainda se passa nessa região. Além disso, contamos com um contigente expressivo de grandes pesquisadoras e pesquisadores, professoras e professores, estudantes e profissionais dotados de imenso senso crítico e com grande militância que vivem e trabalham no município. A gente tem de ser capaz de trazer essa riqueza humana para dentro da nossa instituição. Em parte, isso já ocorre”, enfatiza o vice-presidente. 

A Comissão Organizadora Local (COL) do ENEP é coordenada pelo professor Giliad Silva, que também coordena o Laboratório de Contas Regionais da Amazônia (Lacam), mobilizado na organização do evento. O professor Giliad Silva destaca algumas reflexões que fomentaram a discussão para que o XXIX ENEP ocorresse em Marabá, no Sudeste do Estado do Pará, região marcada por diversidade ambiental; no entanto, também por grandes projetos que têm como objetivo o lucro, desconsiderando a preservação ambiental e presença das comunidades tradicionais. 

“Esse encontro traz consigo não apenas uma reflexão crítica sobre o atual contexto referente a emergência climática mobilizada pelas mudanças ambientais, em particular o desflorestamento amazônico, mas também a possibilidade de apresentar alternativas. E não tem como pensar alternativas dissociadas das reflexões que as populações tradicionais trazem, em particular as populações indígenas, mas também todo o legado e experiência que camponeses também trazem para pensar a resistência a esse modelo de negócio que depende do desflorestamento”. Para o professor, o ENEP, proporciona uma grande relevância e alinha as reflexões de uma sociedade científica que irá fazer quase 30 anos com discussões de fronteira. 

Nessa perspectiva, com crítica alinhada à reflexão sobre a realidade regional, o diretor do IEDAR, professor Daniel Nogueira, está apoiando o evento a partir do Instituto e ressalta a importância da SEP, que é formada por muitos pesquisadores e cientistas que são referências na área da pesquisa da economia crítica no cenário nacional, fomentando reflexões fundamentais para pensar os grandes desafios que a economia capitalista brasileira enfrenta.  

“Diante dos desafios que a Amazônia Brasileira enfrenta, é difícil pensar o desenvolvimento brasileiro sem pensar o papel que a Amazônia desempenha e essa fração da Amazônia que é representada aqui pelo sudeste paraense, onde a Unifesspa atua. O avanço que a mineração tem tido nesse território, hidrelétricas, o agronegócio, tudo isso coloca camadas de complexidade para essa nossa realidade. Acredito que realizar esse evento aqui em Marabá, lembrando que é a primeira vez que acontece no Norte, é uma boa oportunidade para pensarmos o presente, refletirmos sobre o passado e construirmos perspectivas para o futuro da nossa região”. O professor ainda ressalta a alegria em receber o evento. 

A discente do curso de Ciências Econômicas, Ivaneide Santos, enfatiza que o processo de preparação envolve desafios e responsabilidade na organização do evento. Por esse motivo, tem sido uma experiência muito educativa, para a discente, o Enep significa uma oportunidade de troca de ideias a partir dos debates e da interação com os estudantes de outras universidades que irão participar, com experiências e interesses diferentes na economia, formando uma boa rede de conhecimento para a área. "Eu estou empolgada para conseguir mostrar a importância da região amazônica no cenário econômico,  destacando isso também no cenário nacional, reforçando a necessidade de melhorias como em políticas públicas. Como estudante amazônida, eu me sinto muito orgulhosa dessa região receber esse evento pela primeira vez, um palco de discussões muito importante", ressalta Ivaneide Santos. 

Em razão do evento e sua importância, a Unifesspa receberá muitos pesquisadores de diversas regiões do país que integram a SEP e fazem parte dessas discussões sobre a economia crítica nacional. As atividades entre os dias 12, 13 e 14 de junho serão concentradas na Unidade III da instituição e contará com minicursos, mesas de palestras, sessões de comunicação e GT´s de apresentação dos trabalhos submetidos.

Confira a programação completa:

https://www.sep.org.br/01_sites/01/index.php/enep-2/enep-programacao)

Texto: Laura Guido (Bolsista do Lacam)