PROGRAMAÇÃO PRÉ-ENEP INCLUI VIVÊNCIAS DE CAMPO NO SUDESTE PARAENSE
O XXIX Encontro Nacional de Economia Política (Enep), organizado pela Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP), ocorrerá de 10 a 14 de junho, e será sediado na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), por meio do Instituto de Estudos em Desenvolvimento Agrário e Regional (IEDAR) e pela Faculdade de Ciências Econômicas (Face). O evento contará com uma programação Pré-Enep que incluivisitasde campona terra indígena Mãe Maria e um passeio pelo Rio Tocantins na segunda-feira, dia 10, além de uma visita aoInstituto Federal do Pará (IFPA) – Campus Rural de Marabá, na terça-feira, dia 11.
O encontro, que ocorre anualmente, tem como objetivo desta vez debater a emergência climática e as dinâmicas ambientais, com foco nas questões florestais na Amazônia. O evento incorporará as perspectivas dos povos e populações que mantêm a floresta em pé, destacando ospovos indígenas. A inclusão do evento no Sudeste do Pará é significativapara a comunidade acadêmica local e todos os convidados, pois permite a vivência direta dessas experiências, enriquecendo a compreensão e a pesquisa sobre as dinâmicas ambientais e sociais da região.
O coordenador da Comissão Organizadora Local (COL) do ENEP, professor Giliad Silva, que também lidera o Laboratório de Contas Regionais da Amazônia (Lacam), destaca queviver no Sudeste do Pará, especialmente na Amazônia, oferece um diferencial científico, a capacidade de estudar certos temas incorporando vivências diretas. “Nos estudos, incorporamos a experiência de lidar diretamente com os objetos de interesse. Sabemos que, ao discutir questões ambientais, como desmatamento e reflorestamento, é essencial identificar as regiões e territórios onde a floresta permanece em pée entender os motivos para isso. É possível afirmar com segurança que, onde existem territórios indígenas regularizados, há floresta em pé”, enfatiza.
Logo, a escolha do território indígena Mãe Maria está associada ao fato de os pesquisadores da Comissão Organizadora Local manterem uma relação próxima e produtiva com as lideranças e comunidades indígenas de Mãe Maria. Além disso, a centralidade da agenda indígena no debate sobre emergência climática e a proximidade geográfica da comunidade indígena com a Unifesspareforçam a importância dessa seleção.
“A escolha do IFPA – Campus Rural de Marabá, leva em consideraçãoum assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), um dos movimentos de luta e resistência camponesa mais importantes do Brasil, que foi cedido à união para promover um espaço educacional alinhado com a agenda camponesa”, ressalta Giliad Silva. Além de estar ligada a outro tema crucial deste encontro, a crise do capital, essa crise mantém uma relação estreita com as dinâmicas fundiárias, que por sua vez se conectam com a emergência climática. O sudeste paraense é uma das regiões mais impactadas pelo desmatamento, acarretando em problemas fundiários significativos, especialmente para camponeses e populações que vivenciam essa dinâmica agrária.
Portanto, a relevância desses temas pode ser compreendida sob dois aspectos fundamentais. Essas agendas estão à frente das preocupações das ciências sociais e humanas, buscando alinhar dinâmicas econômicas com a sustentabilidade da existência humana em meio à emergência climática. Além disso, esses temas proporcionam uma oportunidade única para economistas, professores e pesquisadores se aproximarem da realidade indígena e camponesa, enriquecendo suas pesquisas por meio de uma vivência prática e contextualizada.
Confira a programação completa:
https://www.sep.org.br/01_sites/01/index.php/enep-2/enep-programacao
Texto: Kawane Ricarto (Bolsista do Lacam)
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